Saúde

Pacientes seguem à espera de atendimento em Bagé

Centro de Reabilitação Física, referência a 39 municípios da região, permanece sem fornecedor para órteses e próteses

Paulo Rossi -

A espera já dura mais de três meses. A preocupação também. O pequeno Arthur Birgman de Oliveira, de seis anos, precisa de nova órtese para garantir sustentação ao caminhar. O Centro de Reabilitação Física de Bagé - onde mantém acompanhamento desde que começou a arriscar os primeiros passos - segue sem os serviços de órteses e próteses pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Uma situação que gera angústia a pacientes de 39 municípios da região.

Até agora não há empresa para substituir a Ortopédica Canadense, de Porto Alegre, que decidiu não renovar o contrato devido aos recorrentes atrasos no pagamento. A fase é de contato com fornecedores que prestam serviços a outros Centros de Reabilitação no Estado, mas não há previsão de o atendimento ser normalizado - admite o coordenador de Assistência Médica da Secretaria de Saúde de Bagé, Ricardo Necchi.

"As negociações estão em andamento, mas não é simples encontrar uma empresa que possa atender a nossa demanda, grande, e ainda atender uma série de critérios, inclusive, ecológicos para o descarte de gesso", explica a coordenadora do Centro, a fisioterapeuta Simone Irenio, para justificar a demora.

Quem precisa de atendimento tem pressa
A última viagem a Bagé foi frustrada. Era terça-feira, 9 de maio. Estava agendada a revisão anual do pequeno Arthur. Embora, naquele momento, o contrato da Ortopédica Canadense ainda não tivesse se encerrado, a empresa já não assumia novas encomendas. De lá para cá, a cada telefonema para saber novidades, a avó Adriane Sanches Birgman ouve sempre um mesmo "Não".

Enquanto isso, a órtese (bota) que assegura equilíbrio ao estudante do 1º Ano fica cada vez menor. Os dedos já despontam para fora. E pior: crescem as dores, principalmente, na perna direita. "Eu penso que estamos no nosso direito. Pagamos muitos impostos pro governo não nos prestar esse serviço", desabafa a avó. E para pressionar por solução, a auxiliar administrativa já desencadeou uma rede de contatos com deputados estaduais e com a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Pelotas. "É uma luta também em nome de outras crianças que se tratam lá na Urcamp", reitera.

E enquanto a avó conversava com o Diário Popular, na última sexta-feira, Arthur se divertia com o super-herói Homem-Aranha e fazia poses para as fotos. O motivo? Ele mesmo se encarrega de contar: quer levar as imagens para a equipe do Centro de Reabilitação Física. Um lugar onde, por certo, já conquistou amigos. Desinibição não falta para puxar um bate-papo.

A posição da 7ª CRS
O titular da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (7ª CRS), Daltro Paiva, afirma que o tema se mantém como prioridade na pauta do governo do Estado. Um estudo, em andamento, avalia também a possibilidade de o Estado elevar o valor dos repasses, já que a prefeitura de Bagé tem precisado tirar verba dos cofres municipais para complementar o pagamento de despesas do Centro, como o aluguel do prédio e os salários da equipe. 

"Acredito que vamos chegar a bom termo. Aos poucos estamos avançando", destaca. São balanços financeiros e tratativas necessários. Afinal, os recursos liberados pelo Ministério da Saúde, de Fundo a Fundo, são insuficientes para cobrir todos os custos.

Relembre
O Serviço de Reabilitação Física de Bagé abrange 39 municípios da região da Campanha e da Zona Sul; uma população acima de 1,4 milhão de habitantes. Os atendimentos para colocação e uso de órteses e próteses são apenas uma das áreas em que é referência. Uma média de 65 dispositivos, entre órteses e próteses, eram entregues por mês pela Ortopédica Canadense.

As cadeiras de roda, sob medida, também tornam o funcionamento da Unidade, da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), essencial à região. Este serviço, entretanto, não está afetado.

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